Ronaldo Werneck lança novo
livro
em Bento Gonçalves e
Porto Alegre
O poeta mineiro Ronaldo Werneck lança
seu mais novo livro de poemas,
cataminas pomba & outros rios (Dobra Editorial, São Paulo, 2012),
durante o Congresso Brasileiro de Poesia
de Bento Gonçalves (Livraria do
Maneco, dia 27 de setembro) e em Porto
Alegre (Amnésia Bar, dia 04 de outubro).
.
“Ronaldo Werneck conseguiu manter-se
simples, driblou as ênfases, mostrou-nos o pitoresco da cidade natal, sem
explorar demais o pitoresco” – escrevia Manuel das Neves em 1977, no prefácio
do livro pomba poema. “Deixando ‘as águas rolar’ com a segurança de quem
sabe o que faz, de quem é bom barqueiro, de quem conhece o rio Pomba – que é
como a trilha sonora do canto – sabendo parar o barco, descansar em lugares
agradáveis e prosseguir com segurança, com firmes remadas, à cata de outras
paragens, agradando ao leitor pelos segmentos coordenados de águas puras, águas
potáveis”.
É “para Cataguases, seu rio, sua gente” –
e a Manuel das Neves, in memoriam –, que o poeta Ronaldo Werneck dedica agora
seu novo livro, cataminas pomba & outros rios (Dobra
Editorial, São Paulo, 2012), que tem patrocínio da Lei Municipal Ascânio Lopes.
Com uma série de novos poemas – que giram em torno de várias cidades e ao longo
e no curso de vários rios, do Brasil e do exterior –, cataminas
inclui também uma retomada do pomba poema, poema-livro lançado em 1977,
por ocasião do centenário de Cataguases. Em 1999, outro livro do autor, minas
em mim e o mar esse trem azul, incluía uma versão do pomba poema, só
que no formato vertical.
Agora, com novas ilustrações – e mantendo
o formato horizontal de sua primeira edição –, o poema-livro possibilita maior
“diálogo visual” entre o corpo do texto, as muitas imagens nele inseridas e os
brancos da página. Não só o “poema-livro” como todos os demais poemas do novo
livro, que traz também um longo poema-levantamento da trajetória do Rio Pomba –
poema pós-pomba poema –, da fonte à foz, seu curso, afluentes, cidades
que atravessa.
Foi também acrescentada
uma seção de abertura, formada por poemas em torno de Minas e Cataguases, sua
gente-geografia, minas-mundo. Cat´agua´ses.
Cata dos veios d´água. Cata das minas, da prata das palavras. Cataminas. Na terceira
seção, o foco do livro volta-se
para o exterior – rios-cidades-poemas percorridos pelo poeta na Europa, na África,
na América Latina. Por trás de toda a
trama, o velho Pomba e seu lento rumar: nuvens de palavras, manchas esparsas
que flutuam sobre o branco, contrastando em caudal com a lenta cadência do rio,
seu mágico mover imóvel.
Minas,
a imperturbável
“Sua poesia, que nos suga e seduz, é a
da palavra, posta a serviço da própria palavra, recriando uma outra – sua
metamorfose. O código decifrador é a lírica memória, a densa memória de Cataguases,
com sua gente, seus trastes, suas coisas doidas e divinas, a infância, esta
terrível e estonteante amiga, as montanhas de Minas, a que ‘está aqui,
imperturbável’, os rios que nascem do Pomba”.
São palavras da poeta e ensaísta Lina
Tâmega Peixoto na contracapa de cataminas pomba & outros rios.
A mesma Lina que escreve no posfácio do livro: “Ronaldo Werneck mexe nas
palavras como se elas estivessem adormecidas num balaio do mundo. Uma poesia
que se espalha na página como esteios de uma fascinante arquitetura. A capacidade
do poeta em jogar palavras e frases para criar o prazer de um sentimento
estético, se assemelha ao lançar sementes no infinito”.
Diz Joaquim Branco: “De Rio da Pomba,
ele, Rio Pomba se chamou, e a contração perdeu-se no poema. O poeta se aventura nesta saga de
arte-vida, de outros risos-mares e de mares-riachos, segredo que conhece muito
bem. Com verbo fino, raro, diz, re-diz, mira, desvenda ou veda na espuma de um
tempo nunca dantes velejado. Fotos, arte, voz, meandros resultam na paisagem
inflada a cada take planejado:
foto/cine/drama da cidade-mundo que o poeta ama”.
Rediz Francisco Marcelo Cabral: “Para
quem o observa da margem, a lâmina corrente do rio é a imagem concreta do
tempo. O Rio Pomba estava lá desde antes dos primeiros fogos civilizatórios, e
vai estar lá quando não sobrar nem memória nossa. Por isso é o nexo, o fio de
ligação entre tudo o que acontece nas suas margens e, às vezes, em suas águas.
O Nino Rota dessa Rimini-Cataguases do Ronaldo Werneck foi o Maestro Rogério
Teixeira, cujos dobrados – ouve-se ainda – atravessavam os domingos e as ruas,
povoando-os de desfiles, festas e circos.”
Segundo o crítico Fábio Lucas, “entra-se
no Pomba Poema como quem ingressa num sonho, puxado por um rio sem foz. É que o poeta implanta na consciência do
leitor um simultaneismo de lembranças e emoções em que a camada confessional se
apresenta como um jogo. Os Outros Rios são primos-irmãos do mesmo Rio Pomba. É
que a paisagem da Europa e as diferentes faces da viagem do poeta representam a
mesma busca. Ou, talvez, a mesma volta: voltas às raízes, fincadas em Minas.
Onde quer que tenha estado o poeta, corria no seu íntimo o rio de Minas”.
Bento
Gonçalves:
27 de setembro, a partir de 11 da manhã
Livraria
do Maneco/ Rua Ramiro Barcelos, 238 bento@maneco.com.br
Porto
Alegre:
04 de outubro, a partir de 20 horas
Amnésia
Bar/Rua João Alfredo, 669 – Cidade Baixa contato@amnesiabarpoa.com.br
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