terça-feira, outubro 18, 2011

Congresso Brasileiro de Poesia, por COLMAR DUARTE

Ademir Bacca, Marina Colasanti, Marcio Borges, Affonso Romano e Colmar Duarte

Desde o dia três de outubro, data da abertura oficial do XIX Congresso Brasileiro de Poesia, a cidade serrana de Bento Gonçalves passou a ser residência da poesia brasileira contemporânea. Palestras, encontros, debates, lançamentos, transformaram a cidade num laboratório para o qual estão voltadas as atenções de quantos neste sul da América labutam nesse campo da literatura.

Além do homenageado desta edição, Afonso Romano de Santana, um dos expoentes da poesia brasileira, estiveram presentes e atuantes, poetas do Pará, Pernambuco, Amazonas, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, assim como convidados de outros países, como: Venezuela, Argentina, Uruguai e Chile. Durante uma semana o saguão do Hotel Vinocap foi a central da comunicação, do intercâmbio e da confraternização da poesia de todas as partes.

Uma experiência inusitada para quem vive em uma cidade que pouco se importa com isso. Uma cidade que, apesar de ser o berço de escritores e poetas reconhecidos e prestigiados fora de seus muros, faz um arremedo de Feira do Livro; tem uma única livraria, mantida viva graças ao esforço do abnegado amigo Gilberto; deixa de receber, do Estado e da Federação, verbas significativas para a cultura, simplesmente porque não tem um Conselho de Cultura; deixa morrer a Califórnia da Canção Nativa, há quarenta anos a maior e mais importante  manifestação da música do Rio Grande, mata um Festival Temático, que despertava na consciência dos uruguaianenses a importância do rio Uruguai, para começar do zero um festival, como outros tantos, destinado a morrer na próxima mudança de governo.

Parabéns ao povo de Bento Gonçalves, capital brasileira da uva e do vinho, que respira cultura, valoriza a arte e trabalha constantemente por isso. Não é sem razão que foi recentemente anunciado como o município gaúcho que mais investe em educação.

Esse mesmo município, que mais investe em educação, está em segundo lugar na relação dos que têm a Câmara de Vereadores mais transparente do estado.  Certamente isso não é uma questão de sorte. Por trás desses números existem pessoas inteligentes e preocupadas com muito mais que o pão e o circo. Quem pensa que investir na cultura não dá voto, está redondamente enganado.

Ainda extasiado pelo que aconteceu neste Congresso, confesso aqui minha admiração e meu carinho por essa gente que faz de seus vinhedos e de seus vinhos e da celebração da arte,  motivo de orgulho. Acabara de realizar a Terceira Semana da Música, quando deu início ao Congresso Brasileiro de Poesia. Na despedida cruzamos pelos que chegam para o Bento em Dança, um festival de balé nacional.

Aliás, Bento Gonçalves acaba de fundar seu Sistema Municipal de Cultura, do qual fazem parte a Secretaria de Cultura, o Conselho de Cultura e a Fundação Municipal de Cultura. Dessa forma está credenciado a fazer convênios com o Ministério da Cultura, com recursos enormes para essa área.

Agradeço a Ademir Antônio Bacca, desde 2007, membro do Circulo Universal dos Embaixadores da Paz, de Genebra, coordenador desse Congresso, pelo convite que me deu a oportunidade conviver com os grandes nomes da nossa poesia. Acho que Pasargada é aqui. Se não for, aqui sou amigo do rei.



(Artigo publicado por Colmar Duarte no Jornal Momento, da cidade de Uruguaiana/RS)

Veja no Youtube o filme de Jiddu Saldanha sobre Colmar Duarte:

sábado, outubro 15, 2011

Foto: Jorge Bronzato Jr.
Congresso Brasileiro de Poesia
O casal literatura fala sobre a vida
Como palavras que se completam, Marina Colasanti e Afonso Romano de Sant’Anna destacam a relação entre os textos e o cotidiano

Jorge Bronzato Jr.

Ao abordar a relação entre a vida e a literatura, o casal Marina Colasanti e Afonso Romano de Sant’Anna parece estar escrevendo um novo livro, a quatro mãos e a duas vozes. Serenos, preenchem um ao outro com palavras exatas para explicar o que os leva a transformar em texto as experiências do cotidiano.
Os dois permaneceram durante toda a semana em Bento – cidade que já conhecem de outras viagens –, participando de atividades do 19º Congresso Brasileiro de Poesia, que neste ano homenageia Sant’anna e encerra hoje. Na tarde da quinta-feira, 6, no hotel em que estão hospedados,  no Centro, dividiram a conversa para contar um pouco de sua trajetória e do horizonte de possibilidades que cada um enxerga frente ao desafio de escrever sempre.
Pela manhã, Sant’Anna havia visitado o Colégio Dona Isabel, e foi recebido com trabalhos dos estudantes sobre seus livros. “Faz uma diferença muito grande você ir a lugares onde já conhecem a sua obra. Essa homenagem que me fazem aqui já começou antes, seis meses antes, quando eles começaram a estudar meus textos. Foi uma coisa fantástica”, diz o escritor.
Marina destaca que, pelo envolvimento dela com a literatura infanto-juvenil, a proximidade com o ambiente escolar se torna frequente e representa um importante elo entre o autor e o leitor. “É muito bonito você ver o desdobrar do seu trabalho, ver que ele é uma peça dessa engrenagem enorme com que estamos tentando fazer um país leitor, um país menos desnivelado socialmente”, afirma.
Sant’Anna, por sua vez, entende que o acesso aos livros ganhou, nos últimos anos, um forte impulso no país. “Há muitos programas no Brasil incentivando a leitura, entre pescadores, favelados, dentro das tribos indígenas, quilombolas, enfim, em todas as classes sociais. A leitura entrou na pauta dos políticos e na pauta da sociedade civil”.

Inspiração e disciplina

Sobre os temas que inspiram os escritos, Marina ensina que é preciso saber que se pode e, principalmente, que se deve recorrer a todos eles. “Há temas eternos, que são aqueles ligados aos sentimentos e às grandes dúvidas, de onde viemos, para onde vamos, o que estamos fazendo aqui. Mas a modernidade é parte da vida e a vida é o tema quase único da arte. O artista trabalha com esse enfrentamento cotidiano do homem, através dos tempos”.
Os dois se consideram escritores disciplinados, mas confessam respeitar muito mais o tempo pessoal de cada um do que as demandas externas de mercado. “A mim ninguém cobra. Se eu não escrever, não escrevi. Quem me cobra, sou eu, o mercado não fica batendo à minha porta. A gente que se exige. Não é só o desejo de escrever, estamos traçando um painel. Para quem está iniciando, não, mas quando se tem tantos livros como nós temos, é um painel, é um conjunto que você quer completar, e ainda está faltando um pouco disso, ainda está faltando um pouco daquilo”, completa Marina.

Viver de literatura

Segundo Sant’Anna, os caminhos que o levaram, assim como à mulher, a viver da literatura vieram muito mais “da vida” do que de um planejamento pessoal. “Meu objetivo sempre foi fazer o que eu queria, e o que eu gosto de fazer é isso. Tudo que eu tenho devo à literatura”, revela.
Mas, para seguir em frente, Marina lembra que é preciso se esforçar para manter a vitalidade. “Quando você envelhece, há duas possibilidades. Você pode melhorar, porque você fica mais exigente, porque você tem mais conhecimento, domina melhor o seu fazer, ou você pode envelhecer o seu texto, perder a vitalidade. Na poesia, isso é muito visível. E o mercado pode atropelar ou te reverenciar, você nunca sabe exatamente o que vai acontecer”.
Durante o processo de criação, eles admitem como “normal” que um busque opiniões e sugestões a respeito dos textos em produção junto ao outro. “Às vezes, é aceita. Às vezes, não”, pondera Sant’Anna. “Ah, quase sempre aceita”, fala Marina. E o papo termina em um sorriso duplo.

Projetos

Em Bento, Sant’anna lançou “Sísifo desce a montanha”, seu mais recente livro de poesia. “Tenho outros seis programados para serem feitos, estou trabalhando neles há séculos”, brinca. Um deles, de crônicas, intitulado “Como andar no labirinto” já está com a editora.
Marina conta que está finalizando um livro de minicontos, e tem outro de contos de fada em andamento, além de estar com “projetos até o ano 3000”. “A poesia corre sempre paralela, nós estamos sempre trabalhando em um livro de poesia”, justifica.
O casal planeja ainda, para o ano que vem, lançar um livro com textos escritos pelos dois sobre Clarice Lispector.

*Publicado no Jornal Semanário, em 8 de outubro de 2011.

sábado, outubro 01, 2011

SESSÕES DE AUTÓGRAFOS MOVIMENTARÃO O XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA



Além do tradicional lançamento dos volumes das antologias oficiais do evento, três sessões de autógrafos movimentarão a programação do XIX Congresso Brasileiro de Poesia, a ser realizado entre os dias 3 e 8 de outubro próximo.
No dia 5, às 17 horas, Márcio Borges autografa seu livro “Os sonhos não envelhecem” e a tradução de “O Canto do Pássaro Negro”, de autoria do ex-beatle Paul McCartney, na Livraria Aquarela.


No dia 6, também às 17 horas, Affonso Romano de Sant’Anna autografa “Ler o Mundo” e “Sísifo desce a montanha” e Marina Colasanti, “Passageira em Trânsito”. A sessão de autógrafos acontece na Livraria Paparazzi, no Shopping L’America.


No dia 7, às 11 horas, será vez de Airton Ortiz e Ronaldo Werneck dividirem a mesa de autógrafos na Livraria do Maneco. Ortiz lança “Expedições Urbanas: Havana”, enquanto Werneck autografa “Há controvérsias 2”.