segunda-feira, dezembro 15, 2008

Lançado em Curitiba o Volume 7 da Antologia "Poesia do Brasil"

Por Andréa Motta

Em 18 de novembro de 2008, foi apresentada à comunidade literária de Curitiba, a Antologia Poesia do Brasil, Vol.7. O evento idealizado pelo núcleo de Curitiba do Proyecto Cultural Sur/Brasil, realizou-se no Centro de Letras do Paraná, em conjunto com a “Tarde da Poesia” – programação da Academia Paranaense da Poesia.
Estiveram presentes diversas Entidades Culturais do Estado e do Município, Poetas da Capital e do interior, Coral da Petrobrás, artistas plásticos, músicos, membros da Comunidade em Geral, além de diversos autores participantes do Volume 7 da antologia Poesia do Brasil, entre eles: - Adélia Woellner, Andréa Motta, Deisi Perin, Eliane Justi, Lucy Reichenbach, Paulo Karam, Paulo Walbach Prestes e Sylvio Magellano.
Dando início ao evento, a Professora Roza de Oliveira – Presidente da Academia Paranaense da Poesia passou a palavra à Coordenadora do núcleo de Curitiba do Proyecto Cultural Sur/Brasil, que realizou breve explanação sobre a antologia, sobre o Projeto Poesia na Escola e Congresso Brasileiro de Poesia. Bem como, apresentou todos os poetas paranaenses participantes do volume 7, convidando os presentes a declamar um de seus poemas constantes do livro.
Ao final foi efetuada pelos autores, doação de diversos exemplares do livro, para o Centro de Letras do Paraná e Academia Paranaense da Poesia - Entidades apoiadoras do evento.
Foram indiscutivelmente momentos de ímpar emoção e alegria.



Poesia por poesia do norte ao sul
Por RENATO GUSMÃO

No inicio do ano de 2008, pela internet, conheci os poetas Jiddu Saldanha, Artur Gomes e Cláudia Gonçalves, numa troca de poemas que intensificou-se, até virar grande amizade virtual, porque não confessar: virei fã dessa trinca de artistas – que por interesse de uma mídia, mercadológico selvagem, só se tem conhecimento através de divulgações alternativas ou pela net, (em que o próprio artista se faz cadastrar).
Então, com essa interação, fomos nos aproximando cada vez mais através de nossas obras, até surgir o convite por parte de Cacau Gonçalves, para participar do XVI Congresso de poesia, versão 2008. Daí, começa a saga para viabilização de nossa ida ao sul do país para participar do tão importante evento, e por isso, hoje já enriquece o meu currículo.
Juntamente comigo, o poeta Claudio Cardoso, evidenciou interesse ao evento e nos empenhamos o máximo para mostrarmos o espetáculo Poesia na Tua Porta, nas terras do sul.
Então, num entusiasmo ímpar, seguimos para Porto alegre, juntamente com minha esposa e assessora Célia Gusmão, para nos instalarmos na residência da amiga e cantora paraense Gabriela Brabo, que nos recepcionou no aeroporto, junto de seu companheiro Gabriel, logo depois, juntamo-nos à Paulinha Brabo, que é filha de Gabriela, para almoçarmos no Mercado Público, a famosa yakissoba do restaurante Sayuri, e depois irmos saborear a tão conhecida sobremesa da Casa de Pelotas, onde ocorreu o primeiro contato pessoal com a poeta Cacau Gonçalves, em grande estilo e brindado a cada gole de cerveja. Após isso, conhecemos um pouco do centro de POA, até irmos para casa e sentirmos na pele a primeira noite de frio, chuva e ventania (Aí que saudade de Belém...).
No dia 05, domingo, após o almoço que ocorreu na casa dos amigos anfitriões, saímos para conhecer mais a cidade e também para justificar o voto, pela ausência em nossos colégios eleitorais.
Na Segunda-feira, 06, pela manhã, fomos ao encontro de outros poetas para seguirmos o caminho da cidade de Bento Gonçalves-RS; a viagem de ônibus, durou duas horas aproximadamente. Chegando em Bento, por volta de 12:00h, exatamente na porta do hotel Vinocap, fomos recepcionados pelo grande inventor do Congresso Brasileiro de Poesia, o poeta Ademir Antonio Bacca, que carinhosamente nos instalou, deixando-nos bem acomodados e à vontade. Daí em diante, foi conhecer um por um dos poetas, trocar idéias, formar elos de amizade, trabalhar prazerosamente nas escolas, divertir-se, conhecer vinícolas, outras cidades vizinhas. Tudo foi só poesia... .

Para fazer algum comentário sobre o que foi o XVI Congresso de Poesia, começo dizendo: - SEM COMENTÁRIOS!
Não há descrição, porém, posso dizer com maior tranquilidade – foi o maior e melhor momento em que já participei, no que se refere à essa vertente...
Poesia para mim, é comer e beber todos os dias, é sobrevivência, é viver e ter na veia, é sentir dor de saudade e vontade de voltar, é dormir quando se tem sono, é amar e ser amado, poesia, é morrer e ressuscitar por ela. Poesia se respira, se expele da pele palavra, é amizade de se construir, é se conhecer, é caminhar, falar, desejar toda hora. Poesia é ser poesia!!!
Vivi intensamente por uma semana, tudo isso e muito mais... e quero mais!
Salve, a cidade Bento Gonçalves! salve, o Congresso Brasileiro de Poesia, salve, o seu inventor e seus colaboradores! Salve, todos os artistas! Salve, os poetas!
Salve 2009, para nos reencontrarmos!!!

É necessário agradecer ao IAP – Instituto de Arte do Pará, através de seu presidente Dr. Jaime Bibas e de sua assessora Dra. Iolinda Silva, e aos amigos que assinaram ao célebre Caderno de Ouro do Programa Cor da Pátria, para a viabilização das passagens e de ajuda de custos.


quinta-feira, novembro 27, 2008



CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA FAZ ENTREGA DAS ANTOLOGIAS 2008 PARA AS ESCOLAS DE BENTO GONÇALVES


Dando continuidade ao projeto “Poesia na Escola”, o presidente do Proyecto Cultural Sur/Brasil, e também coordenador do CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA, Ademir Antonio Bacca, fez a entrega do primeiro lote de exemplares das antologias POESIA DO BRASIL (volumes 7 e 8), POETA, MOSTRA A TUA CARA (volume 5) e POEMAS À FLOR DA PELE. Juntos, os quatro volumes totalizam 1.472 páginas e reúnem 277 poetas, brasileiros e estrangeiros. O lançamento oficial destas antologias aconteceu em outubro, dentro da programação oficial do evento.
A solenidade de entrega dos livros aconteceu na Biblioteca Pública Castro Alves e na oportunidade foram entregues 500 exemplares. Assim que todos os autores tiverem recebido os exemplares a que tem direito pela sua participação nas antologias, os livros restantes também serão entregues à Biblioteca, que é quem fará a distribuição dos mesmos às escolas do município.
No registro fotográfico, o momento em que a diretora da Biblioteca Castro Alves, Eunice Pigozzo, recebia os exemplares das antologias do coordenador do CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA.
Em janeiro, o Proyecto Cultural Sur/Brasil abrirá as inscrições para os volumes 9 e 10 da coleção POESIA DO BRASIL e 6 da POETA, MOSTRA A TUA CARA.

sexta-feira, outubro 31, 2008

Poetas em frente à Biblioteca das meninas Tainá e Emanuele
POETAS VISITAM BIBLIOTECA COMUNITÁRIA MARIO QUINTANA E FAZEM DOAÇÃO DE IMPRESSORA


Impressionados e emocionados com a atitude das meninas Tainá Tavares e Emanuele Marcon, dez e onze anos de idade, que criaram no porão da casa de uma delas (Tainá) uma biblioteca comunitária no Bairro Universitário, um grupo de poetas pediu para que fosse incluída na programação oficial do XVI Congresso uma visita ao local, seguida de um pequeno recital.
Não bastasse a emoção de Tainá e Emanuele em receberem a caravana de poetas em sua biblioteca que já atrai a atenção de diversos municípios do estado gaúcho, a alegria das meninas aumentou ao saberem que eles lá estavam para fazer-lhes a doação de uma moderna impressora (com scanner e xerox) para auxiliá-las na organização de suas atividades.
Poetas interessados em fazer doações de livros podem encaminhá-los para o seguinte endereço:

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA MARIO QUINTANA
Rua Ferrucio Fasolo, 141
Bairro Universitário
BENTO GONÇALVES – RS
95700-000
Eunice Pigozzo e Débora Novaes de Castro
DÉBORA NOVAES DE CASTRO FAZ DOAÇÃO DE LIVROS PARA ESCOLAS DE BENTO GONÇALVES

A escritora paulista Débora Novaes de Castro aproveitou sua estada em Bento Gonçalves para fazer a doação de 350 exemplares de alguns dos seus títulos publicados, os quais serão entregues às escolas do município dentro do projeto “Poesia na escola”, desenvolvido pelo Congresso Brasileiro de Poesia em parceria com a Biblioteca Pública Castro Alves.
Os exemplares foram entregues à Coordenadora da Biblioteca, Eunice Pigozzo, que os distribuirá às escolas nos próximos dias, juntamente com os exemplares das antologias “Poesia do Brasil” (volumes 7 e 8), “Poeta, mostra a tua cara” (volume 5) e “Poemas à flor da pele”.
Durante sua participação no XVI Congresso Brasileiro de Poesia, Débora Novaes de Castro proferiu a palestra “O haicai no Brasil: acolhida e florescimento”.



“Que acontece quando se solta uma mola comprimida,
quando se liberta um pássaro,
quando se abrem as comportas de uma represa?
Veremos...” (Gilberto Gil)

ACONTECE O CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA!

ANDRÉA MOTTA (Curitiba)


Idealizado e comandado por Ademir Antonio Bacca, realizou-se de 06 a 11 de outubro o XVI Congresso Brasileiro de Poesia, em Bento Gonçalves - Rio Grande do Sul. O evento que ultrapassa as fronteiras da Serra Gaúcha reúne poetas, atores, músicos e artistas plásticos dos mais diversos Países e Estados brasileiros e transforma a pacata cidade de Bento Gonçalves no lugar de encontro de todas as vozes, de todos os sonhos e de todos os poetas.
Foram dias de intensa celebração cultural, em que o envolvimento da população, em especial dos alunos e professores das redes pública e privada de ensino foi o ponto culminante.
O contato direto da comunidade com o movimento literário e poético nacional e internacional, através dos projetos, Poetas nas Escolas, Poesia na Vidraça, Oficinas de Poesia Visual dentre outros proporcionou a todos, momentos de puro êxtase. Momentos de gargalhadas e de lágrimas. De emoção e aplauso. De crianças preocupadas com o amanhã literário, como Tainá e Emanuelle, ambas com 11 anos, que na raça fundaram a mais nova biblioteca do Rio Grande do Sul – a Biblioteca Comunitária Mário Quintana. Momentos de talento e mais talento, de tanta beleza, de pássaros livres e comportas abertas.
Indiscutivelmente é desta troca de experiências que surge a inspiração, o novo. E apesar de todas as dificuldades, de tantas vozes contrárias à difusão da Poesia, vemos esta a cada dia mais viva. O Congresso Brasileiro de Poesia, a cidade de Bento Gonçalves e o guerreiro Ademir Bacca são a prova disto.
Parafraseando Ronaldo Werneck, digo: “Eu volto. Voltamos todos no ano que vem, num só (as)salto poético, num só vôo – aves, aves! – sobre as serras e ruas de Bento Gonçalves”.

Jairo Klein durante o recital "Outros eus"
XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA CONFIRMOU TRADIÇÃO DE MAIOR ENCONTRO DE POETAS DO PAÍS

Como tradicionalmente acontece na primeira semana de outubro, mais uma vez a cidade de Bento Gonçalves abriu suas portas para a caravana de poetas que participaram da décima-sexta edição do Congresso Brasileiro de Poesia, realizada entre os dias 6 e 11.
Tendo como tema “120 anos de Fernando Pessoa: tudo vale a pena!”, mais de duzentos poetas dos mais diversos estados brasileiros e de alguns países da América do Sul marcaam presença e participaram de uma programação diversificada com muitos recitais, performances, rodas de poesia, espetáculos teatrais, palestras nas escolas e debates sobre as diversas formas do fazer poético.
A novidade na programação deste ano foi a realização de um encontro literário em homenagem ao poeta português Fernando Pessoa, destinado a alunos e professores, que contou com a participação de Jairo Klein, Jane Tutikian, Karina Duarte, Grupo Poesia Simplesmente, Luiz Edmundo Alves e Joaquim Palmeira. Esta atividade aconteceu nas manhãs dos dias 8 e 9, no auditório do SESC.
Trinta e cinco escolas do município participaram do evento deste ano, recebendo os poetas em suas dependências e doze delas deslocaram alunos para participarem de atividades que aconteceram nas dependências do SESC. Os poetas também foram ao Presídio Municipal, APAE, Centro de Atenção Psico-Social e ao Hospital Tacchini.
Os principais projetos que tradicionalmente compõem a programação oficial do evento mais uma vez destacaramm-se, entre eles o “Poesia na vidraça”, que consiste na utilização das vitrines das lojas do centro da cidade para exposição de poemas de autores brasileiros, “Poesia numa hora dessas?” (quando poetas apresentaram recitais em repartições públicas e privadas), “Uma idéia tece a outra” (realizado na Biblioteca Municipal e que consiste no ‘empréstimo’ de um poeta a uma turma de alunos), além das tradicionais rodas de poesia na Via del Vino.

RECITAIS FIZERAM A DIFERENÇA

Os organizadores mais uma vez apostaram na realização de recitais de diversas correntes poéticas para garantir o sucesso do evento. Neste ano, dividiram o palco do SESC e de algumas escolas performances poéticos dos estados do Amapá, Pará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, além de Peru, Chile, Argentina e Uruguai.
Embora Fernando Pessoa tenha sido o personagem principal do evento deste ano, o escritor Machado de Assis também foi homenageado, com a apresentação do espetáculo “Machado de Assis, cem anos sem”, que o grupo carioca Poesia Simplesmente encenou nos dias 6 e 10, no palco do SESC.
Junto com o XVI Congresso Brasileiro também foram realizados o XVI Encontro Latino-Americano de Casas de Poetas e a XIII Mostra Internacional de Poesia Visual.
A abertura oficial dos eventos aconteceu na tarde de segunda-feira, dia 6, às 17 horas, no Salão Nobre da Prefeitura Municipal. Às 19,30 horas, no Auditório da Escola Gen. Bento Gonçalves da Silva, foram realizados os recitais “Torre de Babel” e “A Voz dos Povos”. O encerramento aconteceu no Auditório do CEFET, onde aconteceu o recital “Todas as Vozes”.
No sábado, a intensa chuva que caiu sobre a Capital Brasileira do Vinho impediu que os poetas plantassem a tradicional pitangueira e a árvore dos povos, as quais foram plantadas posteriormente pelos organizadores do evento e técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, na Praça Vico Barbieri.
O evento é promovido pela Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, SESC e Proyecto Cultural Sur/Brasil.
As fotos do XVI Congresso Brasileiro de Poesia – também das últimas edições, podem ser vistas no seguinte endereço
http://picasaweb.google.com.br/home?tab=mq

quarta-feira, maio 07, 2008


PROJETO LIVRO NA ESCOLA EM CAMAQUÃ
CLÁUDIA GONÇALVES

A cidade de Camaquã realizou recentemente a semana da poesia, evento que me surpreendeu positivamente. Na verdade acho que eu não esperava tanta cumplicidade entre poetas, Secretaria de Educação e escolas.
O Proyecto Cultural Sur/Brasil (Projeto Livro na Escola) participou com sua proposta de levar a poesia para a sala de aula, tendo o importante apoio da Casa do Poeta Camaqüense (CAPOCAM), através de sua Presidenta Erotildes Citrini, de seu vice Onélio Lopes Chagas, do jornalista, poeta e ativista cultural Catulo Fernandes e da artesã Guel Fernandes. Não só foi feita a doação de livros em cinco escolas municipais, sendo duas na zona rural, como foi possível interagir com os alunos, onde fizemos rodas de poesia, desafios premiados com livros e versos recitados por poetas, alunos e professores.
Enfim, é muito gratificante saber que a poesia está sendo trabalhada nas escolas daquele município quase como uma disciplina. A Escola Rui Barbosa, na zona rural, é um bom exemplo. Este ano realizará seu 5º Recital de Poesia. São alunos começando através da poesia o hábito saudável da leitura.
Longa vida ao projeto de Camaquã. E que o livro seja o amigo inseparável dos alunos desta bela cidade.

quinta-feira, abril 17, 2008


“Oh! Bendito o que semeia livros, livros a mão cheia...”

Catulo Fernandes


Os versos do poeta Castro Alves que dão título a este texto retratam com precisão a importância de quem escreve e daquele que oportuniza o contato com a literatura. Com este propósito de estimular a leitura o Proyecto Cultural Sur/Brasil iniciou uma parceria com a Casa do Poeta de Camaquã (CAPOCAM), durante XII Semana da Poesia.
A poeta Cláudia Gonçalves, coordenadora do Proyecto Cultural Sur/Brasil (Projeto Livro na Escola) juntamente com a presidenta da CAPOCAM, Erotildes Citrini, o vice-presidente Onélio Lopes Chagas e a artesã Guel Fernandes, esteve em duas escolas na zona rural: Rui Barbosa e 15 de Novembro, e três na área urbana: Mahatma Gandhi, Marina de Godoy Netto e Ana Tomázia Ribeiro.
Conforme a ativista, a iniciativa que contou com o apoio do Congresso Brasileiro de Poesia e da Editora Alcance deve ter continuidade, e durante o ano outras escolas também receberão doações.
O objetivo do projeto não é somente entregar livros. Em todos os educandários houve uma integração com alunos, professores e diretores, que participaram de uma roda de poesia. Neste sentido o papel da Secretaria Municipal de Educação foi fundamental preparando as escolas para receber os poetas. Segundo Cláudia, todas as escolas visitadas demonstraram que a leitura está sendo trabalhada em sala de aula, e citou como exemplo a escola municipal Rui Barbosa, que este ano realiza seu 5º recital de poesia. ”Foi um presente atuar neste projeto com a CAPOCAM. Percebi que esta entidade está preocupada com a cultura coletiva, e não na promoção individual de seus autores. Em Camaquã se cultiva poesia”, ponderou.




Fernando Pessoa:
Alguém melhor que Ele mesmo

Brasigóis Felício


“A constituição do seu espírito condenara-o a todos os anseios. A do seu destino, abandoná-los todos”. A aparente oposição entre destino e espírito em uma só pessoa é um truque ou recurso estilístico inerentes à personalidade pluriforme de Fernando Pessoa. Tal frase está entre os papéis guardados no baú do grande poeta lusitano – assinado por Bernardo Soares, um de seus semi-heterônimos, tem trechos em que o escrevente entra em litígio direto com Fernando Pessoa-Ele mesmo. Falarei disto mais adiante.

Antes, atenho-me a tecer considerações sobre este abandonar-se do destino que lhe coube (Bernardo Soares, ou Pessoa?) deveu-se ao desassossego de viver, que parece ter sido inerente aos dois. Isto Fernando Pessoa Ele mesmo já declarava, em sua estética da abdicação: “conformar-se é submeter-se e vencer é conformar-se, ser vencido. Por isto tora vitória é uma grosseria. Vence quem nunca consegue. Só é forte quem desanima sempre. O melhor e o mais púrpura é abdicar”.

Estranhamente (mas não para Fernando Pessoa) estas reflexões vão na contra mão dos livros de auto ajuda, que tanto bebem, rebuscam e até mesmo manipulam e distorcem as palavras do poeta, a ponto de as tornarem lacrimosas ou simplesmente ridículas. Crime de lesa-autor de que também são vítimas freqüentes Carlos Drummond de Andrade e Mário Quintana, de quem se vê na internet, em PPS melodramáticos, risíveis e até mesmo caricatos – diante dos quais nossos aclamados bardos cometeriam suicídio – se é que não estão a imprecar e deblaterar, do lugar (penso que bom) para onde foram (?) suas almas ímpias, porém piedosas.

Palavras estas, inscritas no Livro do Desassossego, do semi-herterônimo Bernardo Soares, que se contrapõem às de Fernando Pessoa-Ele Mesmo, ao se pronunciar sobre o sentido (ou ausência de) do fazer que, se não resultou em dinheiro, garantiu-lhe glória póstuma. Pois Pessoa assim via o sentido de ser poeta, neste grande e estranho mundo, em que tudo é comprado e vendido, e tem valor assegurado, menos as palavras dos alquimistas do Verbo: “Cumpri, com meu dever, o meu destino ao mundo. Inutilmente? Não, porque o cumpri”.

Aqui Fernando Pessoa-Ele mesmo entra em contradição com o que afirma Bernardo Soares. Se para este “só é forte quem desanima sempre”, e o “melhor é abdicar”, tanto de espírito quanto do próprio destino, para o Outro (na verdade, seu inventor), “Tudo vale a pena/se a alma não é pequena”. E o que importa não é angariar vitórias ou sofrer derrotas, mas cumprir o destino que nos trouxe ao mundo. Talvez as palavras de Joseph Campbel, um mitólogo nosso contemporâneo (um dos mais brilhantes, por sinal) contribua para fazer avançar em síntese a polêmica (aparente oposição) na obra múltipla, ambígua e universal do vate lusitano: “Qualquer mundo é um mundo vivo, e o que importa é trazê-lo (você) de volta à vida. E a forma de fazer isso é descobrir, no seu caso pessoal, onde está a sua vida, e viver”.

“Ver, sentir, lembrar, esquecer”. Em desolada solidão de só viver de mundos mortos, fazemos do existir uma paralisia ativa – uma canção sem vida, por nunca ser percebida. Ao reler O livro do desassossego, meu livro de cabeceira, onde vou buscar lucidez e sabedoria, deparei-me com outra contradição (se é que um poeta, sendo vasto como Ele, não tem direito a contradizer-se, uma vez que sua alma antiga contém multidões).

Em ver com desconfiança o rigor mortis em que se mascaram os reformados (em sua maioria, cadáveres ativistas) Fernando Pessoa pensava como Krishnamurt, filósofo e místico que ele deve ter conhecido, uma vez que Pessoa era teósofo, tendo traduzido quase todas as obras de Anie Besant, que presidiu a Sociedade Teósofica Internacional. Está no Livro do Desassossego: “Se há uma coisa que odeio, é um reformador. Um reformador é um homem que vê os males superficiais do mundo e se propõe a curá-los, agravando os fundamentais. O médico tenta adaptar o doente ao corpo são. Mas nós não sabemos o que é corpo são e o que doente em nossa vida social. E, mais adiante, Pessoa, em estado de Bernardo Soares, verbera: “ O Governo assenta em duas coisas: refrear e enganar. O mal desses termos lantejoulados é que nem refreiam nem enganam. Embebedam, quando muito, e isto é outra cousa”.

Embora fosse Fernando Pessoa-Ele mesmo sabidamente um estudioso de ocultismo, o que está mais que revelado em sua poesia (vide apresentação de Nelly Novaes Coelho à edição de sua obra completa, pela Aguilar Editora). praticante de alta magia e fazedor de mapas astrológicos (para os outros e para si mesmo), utilizando o semi-heterônimo Bernardo Soares, o pluri-vate lusitano é taxativo em condenar o mau estilo dos mestres de sabedoria antiga que conhecia e amava.

Antes de transcrever o seu texto, comente-se: tão cioso era o poeta de seguir o que dizia o mapa astrológico que ele mesmo fazia para cada situação de sua vida, que chegou a desmarcar um encontro com a poetisa brasileira Cecília Meirelles, que ia conhecer, no hotel em que ela se achava hospedada. Ao descer, na hora combinada, Cecília, nossa excelsa e etérea poetisa, também versada em misticismo, encontrou um bilhete que lhe mandara Pessoa. Desculpava-se, não iria ao encontro, pois seu mapa astrológico lhe dizia não lhe dava bons prognósticos. Assim, por simples implicância dos astros, nossa diáfana e excelente poetisa viu-se privada de conhecer o bardo múltiplo incomum, capaz de ser muitos Nele mesmo.

Mas vamos ao protesto do poeta contra o mau estilo dos bruxos desencarnados: ‘O que sobretudo me impressiona, nesses mestres e sabedores do invisível é que, quando escrevem para nos sugerir ou contar seus mistérios, escrevem todos mal. Ofende-me o entendimento que um homem seja capaz de dominar o Diabo e não seja capaz de dominar a língua portuguesa. Por que há o comércio com os demônios de ser mais fácil que o comércio com a gramática? Quem, através de longos exercícios de atenção e de vontade, consegue, conforme diz, ter visões astrais, por que não pode, com menor dispêndio de uma e de outra, ter a visão da sintaxe? Que há no Dogma e no Ritual da Alta Magia que impida alguém de escrever – já não digo com clareza, pois pode ser que a obscuridade seja da lei oculta-, mas ao menos com elegância e fluidez, pois no abstruso as pode haver? Por que há de desgastar-se toda energia da alma no estudo da linguagem dos deuses, e não há de sobrar um reles com que se estude a cor e o ritmo da linguagem dos homens?”.

P.S. Como Pessoa era plural, muitos em um, podia dar-se à pachorra de entrar em debate até consigo mesmo. Direito assegurado a quem com plena consciência e direito, escreveu sobre si mesmo: “Existe em mim alguém melhor do que eu”.

* Brasigóis Felício é autor de diversos livros e um dos mais destacados poetas goianos da atualidade

quinta-feira, abril 10, 2008

NA ESCOLA MUNICIPAL FENAVINHO, DE BENTO GONÇALVES,
TODA TERÇA-FEIRA É DIA DE POESIA

Não é novidade para o mundo das letras que a cidade de Bento Gonçalves tem o maior índice de leitores de poesia de todo o país, fruto de inúmeras iniciativas criadas pelas escolas a partir da realização de eventos do porte do Congresso Brasileiro de Poesia e da Feira Municipal do Livro.
Nesta época do ano, quando a cidade se prepara para a realização de mais uma Feira do Livro, quarenta escolas desenvolvem atividades envolvendo alunos e escritores, sendo que a poesia predomina na maioria delas.
Na Escola Municipal Fenavinho, com o objetivo de atrair as crianças para a leitura, foi criado o projeto “Gente que lê”, totalmente focado na poesia, onde o texto que tem como características a expressão de sentimentos, rimas e, muitas vezes, o humor, servirá como meio para transformar a prática da leitura num hábito.
A partir do slogan “Toda terça tem poesia”, a escola instituiu o dia da semana para a realização de atividades. Nesta semana, o poeta enfocado foi José Paulo Paes, com o poema “Convite”, e as professoras vestiram-se de palhaços, representando a alegria, para dramatizar as várias formas em que a poesia pode se apresentar e o quanto ela pode divertir.
“A poesia é especial porque através dela podemos trabalhar os sentimentos e expressar emoções. Tem o objetivo de encantar, alegrar e transformar sentimentos em palavras”, afirma a Supervisora da escola, Professora Silvia Fernanda Di Bernardo, informando que no decorrer do ano os alunos trabalharão também com contos e histórias infantis.

terça-feira, abril 08, 2008

Foto: Fabiano Mazzotti
MENINAS QUE CRIARAM BIBLIOTECA COMUNITÁRIA SERÃO HOMENAGEADAS NA FEIRA DO LIVRO DE BENTO GONÇALVES

Durante a cerimônia de lançamento da 23ª FEIRA DO LIVRO DE BENTO GONÇALVES, realizada na noite de ontem nas dependências da Fundação Casa das Artes, a direção da Biblioteca Pública Castro Alves anunciou que as estudantes EMANUELE MARCON e THAINÁ TAVARES, ambas com dez anos, foram as escolhidas para receberem o troféu ADYLES ROS DE SOUZA, introduzido neste ano para homenagear o AMIGO DO LIVRO.
EMANUELE e THAINÁ são moradoras do Bairro Universitário e decidiram criar uma biblioteca comunitária no porão da casa de uma delas, a qual batizaram de BIBLIOTECA MARIO QUINTANA.
Reuniram os livros que tinham para começar o acervo e foram a campo: bateram de casa em casa do bairro pedindo doações de livros e comunicando que a Biblioteca estava à disposição de todos os moradores para o empréstimo gratuito de livros.
O acervo começou a crescer e hoje já passa dos mil volumes.
Atraído por uma reportagem publicada pelo jornal Gazeta, o presidente do Proyecto Cultural Sur/Brasil, Ademir Antonio Bacca, indicou o nome das meninas para concorrerem ao título de “Amigo do Livro/2008”, o qual foi acompanhado por outras pessoas que viram no gesto das meninas um grande incentivo à leitura.
Durante a solenidade de lançamento da 23ª Feira do Livrode Bento Gonçalves, o prefeito Alcindo Gabrielli e Ademir Antonio Bacca fizeram a entrega de kits de livros oferecidos pelo Congresso Brasileiro de Poesia e pela Editora Paulus às pequenas amigas do livro, conforme registro acima do fotógrafo Fabiano Mazzotti.
Agora, o Congresso Brasileiro de Poesia conclama a todos os escritores para que enviem suas colaborações para enriquecer o acervo da Biblioteca Mario Quintana, para o seguinte endereço:

Rua Ferrucio Fasolo, 141
Bairro Universitário
BENTO GONÇALVES – RS
95700-000

quinta-feira, março 13, 2008


António Soares, Jaury Peixotto, Pedro Coelho, Santa Inéze, Ademir Bacca e Maria Clara Segóbia

XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA
VAI HOMENAGEAR 120 ANOS
DE FERNANDO PESSOA

A coordenação do CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA, em sua décima-sexta edição, definiu os homenageados deste ano: Portugal e os cento e vinte anos de nascimento do poeta Fernando Pessoa.
Parceria neste sentido foi firmada entre o Proyecto Cultural Sur/Brasil, Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, Instituto Cultural Português e Consulado de Portugal no Rio Grande do Sul, em encontro recentemente realizado na capital do Estado.
Na oportunidade, o cônsul Dr. Pedro Coelho recebeu o prefeito em exercício de Bento Gonçalves, Jaury da Silveira Peixotto e o coordenador-geral do evento, Ademir Antonio Bacca, ciceroneados pelo presidente do Instituto Cultural Português, António Soares.
Durante o encontro, que também contou com a participação da Diretora Cultural do ICP, Santa Inéze da Rocha, e da Secretária do Congresso, Maria Clara Segóbia, foi apresentada a proposta de homenagem por parte do município de Bento Gonçalves ao poeta maior da língua portuguesa, que recebeu entusiasmada adesão do representante diplomático português no estado gaúcho.
Ficou acertado já no primeiro encontro que, através do Instituto Cultural Português, serão realizadas diversas atividades culturais alusivas a Fernando Pessoa e também à literatura portuguesa na cidade de Bento Gonçalves já a partir do mês de maio, durante a realização da Feira do Livro, atividades estas preparatórias ao Congresso Brasileiro de Poesia, que será realizado entre os dias 6 e 11 de outubro vindouro.
O consulado intermediará a vinda de poetas portugueses ao evento, que é considerado o maior encontro de poetas realizado no Brasil e um dos três mais importantes de toda as Américas.